domingo, 22 de agosto de 2010

De Lobato a Mazzaropi...todo caipira tem um pouco

A construção da imagem e do tipo caipiras, dentro da literatura e do cinema, foi elaborada à luz de imagens e conhecimentos preestabelecidos e estagnados no tempo. A representação de sua imagem está, ainda hoje, atrelada a um modo de ver externo a sua cultura e corresponde aos interesses de quem detém o poder. A contingência dessa caracterização guarda máculas desse embate cultural e de classe entre o caboclo e o senhor de terras, detentor dos meios de produção. Analisada devidamente a “pluralidade” de tipos caipiras em Monteiro Lobato, na literatura, e Amácio Mazzaropi, no cinema, o que se vê é a perpetuação dessa imagem e a instituição de uma identidade de certa forma anômala do caboclo, o que fez com que fosse pintado, nos dizeres de Antonio Candido, de maneira bela, injusta e caricatural. Mesmo buscando a verossimilhança, ambos os autores acentuaram e fizeram retumbar com mais força e amplitude a marca negativa desse estereótipo, imprimindo-lhe de novo apenas um olhar piedoso e/ou analítico acerca das condições “paupérrimas” de vida do caipira paulista, sem, entretanto, irem a fundo em aspectos pertinentes a sua cultura e modo de vida. Compreendendo os períodos entre 1914 e 1970, o trabalho apresentado, além do exposto, faz um passeio pelo breve século XX, mostrando de que forma os principais acontecimentos deste século foram encarados no país.


Autor: Joé José Dias
Ano: 2010 - 253 páginas

Valor: 38,00 + frete